Recrutamento 4.0


Há cerca de dois anos atrás, uma multinacional norte americana recebeu 250 mil candidaturas de talentosos futuros funcionários a uma posição que abriram, e esta capacidade de atrair talento não é propriamente uma boa notícia, tornou-se um problema real para as empresas. Vejamos, mesmo que os Recursos Humanos tivessem uma equipa de 5 pessoas, dedicada apenas a este processo, trabalhando 12 horas todos os dias, incluindo fins de semana e gastasse cinco minutos em cada candidatura, levaria quase um ano para concluir a tarefa de fazer a primeira selecção de candidatos.
A solução, explicada de uma forma muito simples, que o avanço tecnológico permitiu assim como em muitas áreas da nossa vida onde estamos sujeitos a este tipo de processos para encontrar o público-alvo ideal, seria utilizar algoritmos para fazer esta primeira seleção, correndo o risco que o candidato ideal fique de fora apenas e só porque os termos que utilizou no CV não correspondem aos critérios de busca iniciais. Mas não ficamos por aqui, grandes empresas já utilizam inteligência artificial na fase seguinte que analisa as nossas expressões e postura corporal, enquanto se responde a questões ou se resolvem problemas complexos, sendo que só chegam a falar com alguém de carne e osso numa fase ainda mais avançada.
Por muito uteis que sejam estas ferramentas, também são igualmente manipuláveis, com os candidatos e seus currículos a adaptarem-se aos requisitos, e para selecionar a pessoa certa para o lugar certo é ilógico imaginar modelos independentes do factor humano, mas temos que começar a aceitar a utilidade em certas tarefas operacionais. Um bot jamais será capaz de fechar um negócio ou gerir uma reclamação com empatia, sensibilidade ou altruísmo, virtudes exclusivamente humanas e principalmente a nossa criatividade, mas tem a sua utilidade até um certo ponto.
Clusters e algoritmos ajudarão a aproximar o talento da oportunidade e vice-versa, otimizarão os processos e deixarão menos espaço para erros, mas não identificarão a criatividade, imaginação e a ética, e sobretudo irão sempre esbarrar contra a intuição, característica humana que muitas vezes por mais que a evidência estatística ou assesments nos digam o oposto, somos impelidos a seguir pois o comportamento humano nas organizações, como na vida depende de como estabelecemos relações com os outros e com o que nos rodeia.

O futuro está na tecnologia, mas o grande desafio reside na forma como a transcendemos.

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